Como uma start-up portuguesa pode conseguir investimento estrangeiro

Por mais cool que possa ser ser o co-founder de uma start-up tecnológica, sobretudo quando essa empresa pretende revolucionar uma indústria, há que ter a noção que nem só de coolness se vive. José Bastos, co-founder & CEO da Knok Healthcare, empresa que ambiciona mudar o paradigma dos cuidados de saúde primários, é um excelente exemplo disso mesmo.

Este empreendedor, que traz consigo uma carreira de 17 anos no mundo corporate – trabalhou na Sonae, nomeadamente na área de planeamento estratégico – transpira paixão pelo seu projeto, uma paixão que inspira. Essa paixão, contudo, vem acompanhada de muito trabalho. E é por isso que lançar uma start-up não é coisa fácil nem algo que deva ser feito por quem só quer ser cool. É preciso trabalhar, trabalhar bem e trabalhar muito.

O dia do José Bastos começa muito cedo. Quando a maioria das pessoas ainda dorme, o José Bastos já está empenhado em fazer sobreviver o seu negócio. Sobreviver, sim, que a vida de uma start-up é frágil e tem que ser cuidada todos os dias.

Nesta conversa, que o convido a ver até ao fim, tocam-se assuntos muito diversos e que podem ser extremamente úteis para quem tem uma start-up, quem sonha ter uma ou até para pessoas do mundo corporate que querem perceber melhor todo este fenómeno das start-ups tecnológicas. Da importância do planeamento à inevitabilidade da desestruturação natural de uma start-up, do custo de oportunidade dos fundadores à gestão da equipa de trabalho, da relação com investidores à forma como se consegue investimento, das dificuldades inerentes a ser uma empresa portuguesa à forma como uma entidade estrangeira decide investir num projeto nacional, são apenas alguns dos temas que o José Bastos aborda com uma franqueza e abertura que deveriam fazer escola.

Deixarei as conclusões para si porém, partilho consigo algumas das ideias mais fortes que eu retirei desta conversa:

  1. é fundamental trabalhar muito.
  2. ser organizado desde o dia 1 dá muito jeito mais tarde.
  3. há que ter um foco permanente no crescimento.
  4. antes de tentar entrar em muitos mercados ao mesmo tempo, importa obter uma posição de destaque num nicho.
  5. Portugal não chega; ter olhos postos em mercados muito maiores é crucial.
  6. o mundo da saúde (e outros) está a mudar imenso. Quem continuar a trabalhar sobre os paradigmas do passado, não terá qualquer hipótese de sobrevivência.
  7. uma boa equipa é um fator crítico de sucesso.
  8. humildade para ajustar o modelo de negócio pode ser um game-changer na relação com potenciais investidores.
  9. vir de Portugal tem coisas negativas mas também várias positivas.
  10. Portugal não tem liquidez suficiente no mercado dos investidores, nem investidores suficientes. Falta concorrência.
  11. pensar que se pode mudar o mundo é uma força poderosa.
  12. há que estar preparado para falhar mas sem pensar demasiado nisso.
  13. a rapidez de resolução de problemas – porque a morte da start-up está sempre ao virar da esquina – é crítica.
  14. a família do founder tem que estar alinhada com o projeto.
  15. não há substituto para a motivação intrínseca; não se pode contar com “aliados”.
  16. toda a equipa de uma start-up tem que conhecer e viver a sua missão.
  17. saber quando desistir é tão importante como saber quando começar

Resta-me convidá-lo a conhecer melhor o projeto do José Bastos, a Knok, e descarregar a sua aplicação. É a melhor maneira de perceber de forma mais clara tudo aquilo que aqui foi dito. E, ainda por cima, pode dar muito jeito ter  um médico em casa à distância de um clique. 🙂

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