Como vou procurar aumentar a produtividade e, sobretudo, o trabalho profundo

Não sou a pessoa mais disciplinada do mundo mas consigo auto-motivar-me com alguma facilidade. Não sou hiper metódico mas tenho uma capacidade de trabalho decente. Estou longe de ser bom na estruturação detalhada do trabalho dos outros mas consigo ver the big picture e consigo, por norma, injetar entusiasmo. Não sou um ás da execução mas sou focado nos resultados q.b. Distraio-me com alguma facilidade mas não sou um procrastinador incorrigível.

Tenho refletido sobre os resultados que tenho obtido e sobre como os poderia fazer crescer de forma significativa e decidi fazer essa análise na perspetiva da forma como trabalho e sobre o processo mental que est na base dessa forma de trabalhar.

Levantei uma hipótese: parte da razão de nem sempre atingir todos os resultados que quero (incluindo no tempo em que quero), deve-se ao facto de, muitas vezes – vezes de mais – não estar a produzir “trabalho profundo”.

Entendo por trabalho profundo aquele que assenta numa reflexão cuidadosa, numa estruturação clara. Trabalho que permite pôr em confronto várias opções e que leva a decisões. É do trabalho profundo, neste meu conceito, que advêm as ações de maior valor acrescentado, desde um ajuste estratégico até ao desenho de um produto, à estruturação detalhada de uma campanha de lançamento, passando pela redação de um artigo ou até, escrever um livro, só para enumerar algumas.

O “outro” trabalho, menos profundo, é um trabalho mais operacional e/ou feito com menor foco; é um trabalho que questiona menos. Responder a emails, reuniões de status, tarefas de natureza mais operacional, tarefas rotineiras, etc. são aquilo que, tipicamente, conseguimos ir fazendo sem ter que entrar no “trabalho profundo”. O problema é que facilmente nos deixamos enredar por trabalho que, ainda que seja muito importante e que até abordemos sabendo que é muito importante, não é levado a cabo a um nível mais profundo de cognição logo, não poderá nunca levar a resultados extraordinários.

Creio que uma das razões que nos leva – a mim, seguramente – a não conseguir entrar no estado de “trabalho profundo” tantas vezes como devíamos tem que ver com as distrações. A segunda, tem que ver com o planeamento e a priorização, e está intimamente ligada à primeira porque é muito difícil executar um plano se estamos sempre a ser distraídos. Por sua vez, creio que o foco na micro-tarefa e no imediatismo, relegando o trabalho mais profundo e difícil, passa pelo prazer que sentimos em, precisamente, cumprirmos tarefas e termos momentos de intereação social, nomeadamente online. É o vício da dopamina de que Simon Sinek fala e que retira o foco que nos permite entrar no trabalho profundo.

Um correto planeamento, com as prioridades bem definidas, ajuda-nos a criar foco e a alocar os recursos de forma desproporcionadamente alta às tarefas que possam trazer maior retorno. Está claro que isto só se consegue fazer quando i) se trabalha no sentido de estimar o retorno das várias opções que temos por diante e quando ii) se conseguem estabelecer prioridades de acordo com o critério anterior.

A eliminação da distração funciona um pouco como esteroides em cima de um planeamento com prioridades bem definidas e isso, vai catapultar o foco.

Tudo isto para dizer que cheguei à conclusão que preciso de produzir mais trabalho profundo e que o procurarei conseguir através de dois grandes grupos de ações. Por um lado, minimizando pontos de potencial distração e, por outro, definindo ainda melhor as minhas prioridades, priorizando-as com um critério reforçado de “contributo para os resultados” o que, no limite, poderá levar à eliminação de várias tarefas ou à sua delegação.

Está bem de ver que já vou seguindo todos estes princípios e até, talvez, de forma mais competente do que a média das pessoas em condições similares contudo, por diferentes razões, quero agora levá-los a outro patamar.

Partilho algumas das coisas que vou fazer para reduzir as distrações e aumentar o foco ao longo do próximo mês:

1) emails: não vou eliminar mas vou reduzir brutalmente a sua utilização e até a sua visualização. Aliás, já tenho uma mensagem de resposta automática que explica isto mesmo. E, junto da minha equipa, já institui mecanismos alternativos para comunicarmos, ficando o email para casos em que não haja uma melhor alternativa e o assunto careça mesmo da minha intervenção.

2) redes sociais: já tinha desativado grande parte das notificações. Desativei mais algumas, nomeadamente de grupos, e vou avisar os meus “amigos” da minha menor disponibilidade para interagir, desde logo via messenger. Posts meus serão muito poucos e, porventura, apenas via Instagram, rede onde tenho menos histórico de interação.

3) telemóvel: apesar de ser uma ferramenta fantástica, é um terrível sorvedouro na nossa atenção, quer pelas chamadas, sms e wattsapp, quer por nos permitir ver emails, redes sociais, etc. com enorme facilidade. Vou garantir que, em momentos de trabalho profundo, o telefone não está fisicamente comigo. Isto implicará que dificilmente me conseguirão telefonar à hora que “querem”. No momento destinado ao efeito, e se considerar que o telefonema é importante, devolverei as chamadas.

4) compromissos sociais: não me resta alternativa se não a de reduzir ao mínimo indispensável o número de interações sociais não fundamentais para os resultados, nomeadamente almoços, momentos de consultoria (que estava a oferecer), reuniões externas não críticas, etc.. Vai implicar dizer vários “nãos” mas é uma das coisas que mais tempo toma e que preciso de limitar…

Tenho outras coisas desenhadas contudo, estas serão talvez as principais e servem já para ilustrar o meu compromisso com os resultados que quero obter.

Importa dizer que todas estas restrições que me estou a impor não significam que não tenha tempo “para mim”, seja para meditar, fazer exercício, ler ou jantar com os amigos. Pelo contrário; libertará mais tempo de qualidade para tudo isso que, aliás, é fundamental para termos o equilíbrio de que necessitamos se queremos atingir resultados fantásticos.

Prometo fazer um balanço daqui a 1 mês, dizendo o que consegui manter, o que não consegui e a que conclusões cheguei.

Wish me luck!

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